O CHORO DA AMA ZÔNIA
Ama Zônia chora
Por ver mais foice nas mãos
Por perecer mais florestas em vão
Ama Zônia chora
Por ver ações mal sãs
Da Amazônia mata querida,
Ver teu povo lhe tocar a ferida
Cortando-lhe sem dó o seu cerne
Retirando tua seiva já sem vida
Ressecando teu corpo imaculado
Por míseros trocados de pratas
Barganhadas em rios de sangue
Ama Zônia chora
Sofre pelos entes queridos
Seus bichos e gente de bem
Sendo retirados de seus nichos e abrigos
Desamparando-lhe as aves dos ninhos
Exortando-lhe animais sem destino
Chamuscando-lhe a vida em chamas
É assim que maltrata o homem à natureza.
É o troco mal dado pela vida doada.
Ama Zônia observa:
A Terra já não será no futuro a mesma
O chão verde das matas já está de luto
As lágrimas dos rios secarão de vez
A sede e fome alastrarão sem piedade
Nos seios de todos os envolvidos
Não restando-lhes nenhum de seus filhos
Pobres, negros e ricos
Todos ficarão sem ter o abrigo das chuvas
Das matas e florestas afins,
Se acaso o homem continuares assim,
Desperdiçando a riqueza nata divina,
Para trocar por um pouco de ganância
Enchendo teus cofres de dinheiros
Desmatando-lhes áreas sem limites
Retirando-lhe o coração do Brasil
Transformando-lhes em pastos para gados
Ó governantes sem noção...
Não vês o que rege em teus papeis,
Assinando petições e concessões?
Não vês que ao gado requer mais comida,
Retirará então, vós o pão dos aflitos?
Não vês que ao gado requer mais água?
Retirará então, vós a água de teus irmãos?
Não vês que retirando as raízes nativas,
Retirará para sempre a esperança da nação?
O coração sem sangue não pulsa.
O coração do Brasil é a floresta amazônica.
É ela responsável pelas chuvas nas regiões...
O que se faz com o país, é crime sem fiação.
É colocar-se dentro da masmorra da sede e fome.
É ter que redimir-se sem ter a rendição.
Não haverá o leite derramado
Pois nem o leite terá a derramar
Pois o gado e o homem morrerão de sede e fome
As matas virgens e santas serão queimadas
E o pesadelo só terminará quando do sono se despertará
És fato, de que na vida sempre se tem uma segunda chance
De fazer tudo diferente do que era antes...
Mas, será que teremos esta segunda chance?
Desmantando diariamente, retirando a água dos rios e lagos,
E dando aos bois, gerando o ciclo da morte?
Boi bebe a água, e nós comemos o boi..
Boi morre de sede, e nós morremos de fome...
Ironia patética, mas corremos o risco
De se tornar realidade futurista...
Ama Zônia sonha:
De um dia ser tudo mentira o que ela previu...
De um dia não ver chorar os filhos teus...
Por uma pedaço de chão, pão, água e comida
Ama Zônia sonha ainda...
De não ter que ver de camarote
Teu povo sofrendo e morrendo à míngua
Teu povo sendo de fato, maltratado
Nas mãos daqueles ingratos,
Filhos bastardos de uma geração medíocre e infeliz.
Simone Medeiros
Ilustração: Google
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